Os Casarões da Minha Vida
Do Bairro de Elite ao Bairro Operário
“O Reduto que já foi
habitado, predominantemente, por pessoas de baixo poder aquisitivo, exerceu
importante papel no desenvolvimento comercial de Belém. A proximidade do bairro
com a Baía do Guajará era um aspecto favorável. Comerciantes de várias
nacionalidades, principalmente sírio-libanesa, se estabeleceram na região pela facilidade
de descarregar suas mercadorias. No início do século XX, a maior parte das
fábricas que se instalaram em Belém estava situada no Reduto. Foram
estabelecimentos que, no período de 1920 a 1940, se mantiveram firmes em sua
produção. Por essas características, o lugar recebeu identificações como
“bairro mercado” e “bairro operário”.” (Jornal o Diário do Pará de
12/01/2010).
Em 1969 fui
morar na casa da família Abelem, na Rua 28 de setembro 982, no Bairro do
Reduto, já casada com Antônio Jorge Abelem, único filho homem de um casal de
migrantes libaneses que se conheceram em Belém, ambos residentes no Bairro do
Reduto, na Rua 28 de setembro.
No entanto, minha ligação com o Bairro extrapola os 41 anos
em que aí morei. Meu bisavô, Raphael Fernandes Gomes foi um dos sócios
fundadores da firma Ferreira Gomes & Cia., que sucedeu à firma Centro
Comercial Redutoense, em companhia de mais outros dois sócios, todos de
nacionalidade portuguesa. Situada na Rua 28 de setembro, entre a Doca do Reduto
e a Rua Benjamin Constant, tem seu primeiro registro na JUCEPA com a data de
1881. Em 1912 meu avô, Raphael Fernandes de Oliveira Gomes, entra como um dos
sócios solidários e de responsabilidade ilimitada. Em 1924 a firma é
recomposta, transformada em sociedade anônima sob a denominação de Ferreira
Gomes Ferragista S/A, explorando os ramos de ferragens, ferro, louça, estância
de madeira e outros já anteriormente existentes, de acordo com a foto de
propaganda. Ocupava vários prédios na Rua 28 de setembro, não só o prédio da
matriz mostrado na foto. Além das lojas de comércio, desenvolviam indústria de
fabricação de pregos e outras correlatas, sob a denominação de União Fabril
Comercial, situada na Trav. Piedade, sob os números de 1 a 9, e indústrias de madeiras e outras, como a
Serraria Benfica, à estrada de Ferro Bragança, ramal de Benfica conforme
registro na Junta Comercial do Pará – JUCEPA. Lembro-me de uma filial na João
Alfredo, entre Padre Eutíquio e Campos Sales, chamada RIOMAR, que meu pai,
Pedro José de Mendonça Gomes, gerenciava, quando eu ainda era criança.
A Firma Ferreira Gomes Ferragista S/A era uma potência e, de certa forma, dominava o comércio do seu ramo no Bairro e, por que não dizer, na cidade. O prédio da matriz ocupava todo um quarteirão da Rua 28 de setembro, entre a Travessa Benjamin Constant e a Doca do Reduto onde hoje existe um posto de gasolina, mostrado em foto. No início da década de 60 começaram as dificuldades, sendo a falência decretada em 1965, último ano com registro na (JUCEPA), Funcionou, portanto, 84 anos.
Na esquina da Rua 28 de setembro com a Trav. Benjamim
Constant existiam três estabelecimentos que se cruzam na minha história: Ferreira
Gomes Ferragista S/A, Frigorífico Paraense Ltda. – FRIGOPAR e Lojas Jorbem,
antes Bazar São João. Mas isto depois eu conto.
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