terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Os Casarões da Minha Vida - Do Bairro de Elite ao Bairro Operário


Os Casarões da Minha Vida

Do Bairro de Elite ao Bairro Operário 





“O Reduto que já foi habitado, predominantemente, por pessoas de baixo poder aquisitivo, exerceu importante papel no desenvolvimento comercial de Belém. A proximidade do bairro com a Baía do Guajará era um aspecto favorável. Comerciantes de várias nacionalidades, principalmente sírio-libanesa, se estabeleceram na região pela facilidade de descarregar suas mercadorias. No início do século XX, a maior parte das fábricas que se instalaram em Belém estava situada no Reduto. Foram estabelecimentos que, no período de 1920 a 1940, se mantiveram firmes em sua produção. Por essas características, o lugar recebeu identificações como “bairro mercado” e “bairro operário”.” (Jornal o Diário do Pará de 12/01/2010).

Em 1969 fui morar na casa da família Abelem, na Rua 28 de setembro 982, no Bairro do Reduto, já casada com Antônio Jorge Abelem, único filho homem de um casal de migrantes libaneses que se conheceram em Belém, ambos residentes no Bairro do Reduto, na Rua 28 de setembro.
No entanto, minha ligação com o Bairro extrapola os 41 anos em que aí morei. Meu bisavô, Raphael Fernandes Gomes foi um dos sócios fundadores da firma Ferreira Gomes & Cia., que sucedeu à firma Centro Comercial Redutoense, em companhia de mais outros dois sócios, todos de nacionalidade portuguesa. Situada na Rua 28 de setembro, entre a Doca do Reduto e a Rua Benjamin Constant, tem seu primeiro registro na JUCEPA com a data de 1881. Em 1912 meu avô, Raphael Fernandes de Oliveira Gomes, entra como um dos sócios solidários e de responsabilidade ilimitada. Em 1924 a firma é recomposta, transformada em sociedade anônima sob a denominação de Ferreira Gomes Ferragista S/A, explorando os ramos de ferragens, ferro, louça, estância de madeira e outros já anteriormente existentes, de acordo com a foto de propaganda. Ocupava vários prédios na Rua 28 de setembro, não só o prédio da matriz mostrado na foto. Além das lojas de comércio, desenvolviam indústria de fabricação de pregos e outras correlatas, sob a denominação de União Fabril Comercial, situada na Trav. Piedade, sob os números de 1 a 9, e  indústrias de madeiras e outras, como a Serraria Benfica, à estrada de Ferro Bragança, ramal de Benfica conforme registro na Junta Comercial do Pará – JUCEPA. Lembro-me de uma filial na João Alfredo, entre Padre Eutíquio e Campos Sales, chamada RIOMAR, que meu pai, Pedro José de Mendonça Gomes, gerenciava, quando eu ainda era criança.

A Firma Ferreira Gomes Ferragista S/A era uma potência e, de certa forma, dominava o comércio do seu ramo no Bairro e, por que não dizer, na cidade. O prédio da matriz ocupava todo um quarteirão da  Rua 28 de setembro, entre a Travessa Benjamin Constant e a Doca do Reduto onde hoje existe um posto de gasolina, mostrado em foto. No início da década de 60 começaram as dificuldades, sendo a falência decretada em 1965, último ano com registro na (JUCEPA), Funcionou, portanto, 84 anos.

Na esquina da Rua 28 de setembro com a Trav. Benjamim Constant existiam três estabelecimentos que se cruzam na minha história: Ferreira Gomes Ferragista S/A, Frigorífico Paraense Ltda. – FRIGOPAR e Lojas Jorbem, antes Bazar São João. Mas isto depois eu conto.

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