ANTONIO JORGE nasceu em Belém, no bairro do Reduto, em 23 de
junho de 1935, filho de Jorge Abelem Aze e Emília Zalouth Abelem, ambos de
origem libanesa. Estudou no Colégio São Geraldo Magela, Colégio Nazaré e na
Escola Prática. Único homem dos cinco filhos nascidos ficou órfão de pai aos 19
anos, passando a dividir com a irmã Maria Léa, três anos mais velha, a direção
e sustento da família. Para tanto largou a Faculdade de Direito onde cursava o
primeiro ano, retornando anos mais tarde com a ajuda e incentivo do amigo
Roberto Simões. Neste espaço de tempo dedicou-se ao comércio, ampliando os
negócios deixados pelo pai, uma loja de tecidos e armarinho na Rua 28 de
setembro, passando a ter em 1964, quando nos conhecemos, mais três filiais, em
Boulevard Castilho França (foto), Canudos e Estrada Nova, além da matriz e de
uma fabriqueta de guarda-chuva, com o slogan “Loja Jorbem, que cobre e veste
bem os quatro cantos de Belém”.
Abelém retorna a Faculdade de Direito em 1961, no segundo
ano, passando a manter estreita amizade com alguns de seus colegas de turma,
como Leônildes Silva, João de Jesus Paes Loureiro, Ronaldo Barata, e Gabriel
Leal.
Conheci Antônio Jorge em 1964, meses antes dele se formar.
O Frigopar, de meu pai e onde passei a trabalhar no escritório, quando no segundo ano da Faculdade, ficava na outra esquina de sua loja na 28 de setembro e de lá ele me paquerava. Além disso, eu morava na São Jerônimo, quase vizinha da União Acadêmica Paraense e da minha janela, sempre via os estudantes que mais frequentavam a UAP, inclusive o Antônio Jorge. Fui apresentada a ele, na banca de tacacá da Judite, A Jurídica, por minha colega de turma Heliana Lima, depois Jatene. Sendo colega e amiga de Isidoro Alves, através dele Abelem começou a me telefonar e iniciamos um namoro interrompido em maio de 1966 e reatado em abril do ano seguinte. Casamos em 1968.
O namoro teve início poucos meses, antes de sua formatura,
primeiro dia em que frequentei sua casa, não tendo, pois, intimidade com a
família e ficando com meus pais na área da garagem, só tendo acesso ao interior
da casa, na hora da ceia. Portanto, não vi a cena em que João de Jesus Paes
Loureiro, na qualidade de orador da turma, tentou fazer o discurso impedido na
cerimônia da colação, quando Dr. Clóvis Malcher também se negou a fazer o de
paraninfo, em solidariedade. Mas não seria ainda desta vez que se ouviria o
discurso do orador da turma de direito de 1964.
Um coronel, vizinho da família, ameaçou prender Paes Loureiro se ele
atendesse ao pedido dos colegas que o incentivavam a falar. Soube depois, por Antônio
Jorge, o que ocorrera nos salões internos. Era muita gente, muitas paqueras,
não convinha pra ele que eu circulasse por ali. Entendi isto mais tarde. Após
casarmos e enquanto Abelem gozou saúde, a maioria das festas comemorando a data
da colação desta turma, festejada todo ano, foi realizada em nossa casa, na 28
de setembro, onde passei a morar, dez meses depois de casada, em virtude de
doença grave de sua mãe, minha sogra. A foto registra uma das celebrações da
turma no casarão da 28.
O Frigopar, de meu pai e onde passei a trabalhar no escritório, quando no segundo ano da Faculdade, ficava na outra esquina de sua loja na 28 de setembro e de lá ele me paquerava. Além disso, eu morava na São Jerônimo, quase vizinha da União Acadêmica Paraense e da minha janela, sempre via os estudantes que mais frequentavam a UAP, inclusive o Antônio Jorge. Fui apresentada a ele, na banca de tacacá da Judite, A Jurídica, por minha colega de turma Heliana Lima, depois Jatene. Sendo colega e amiga de Isidoro Alves, através dele Abelem começou a me telefonar e iniciamos um namoro interrompido em maio de 1966 e reatado em abril do ano seguinte. Casamos em 1968.
Bem sucedido no comércio, Antônio não pensou de início se
dedicar à advocacia. Mas a dificuldade encontrada pelos colegas que haviam sido
presos ou perseguidos o fez montar um escritório com Ronaldo Barata, Leônildes
Silva, José Seráfico, João de Jesus Paes Loureiro, Gabriel Leal e José Gorayeb.
A primeira causa defendida pelo escritório foi uma questão do Frigopar,
frigorífico do meu pai, que os fez viajar para Goiás (Cristalândia) a fim de
participar de uma audiência (foto abaixo no aeroporto indo deixá-los para viagem). Desses colegas quem ainda trabalhou um bom tempo
com o Abelem, já no escritório do Ferro Costa, no Edifício Importadora, que ele
dividia com Wilson Souza, foi Ronaldo Barata e, principalmente, Leônildes Silva.
Os demais foram logo saindo para outras áreas como magistério e literatura.
Antônio era uma pessoa admirável, com ele aprendi o sentido
da amizade plena, sincera, a solidariedade. Ajudou meu pai, quando foi à
falência, um ano depois de casarmos, a montar uma lanchonete no jardim/garagem
do casarão da São Jerônimo – Vindi-K. Anos depois nesse mesmo local surgia a
Adega do Rei, em sociedade com Claudio Guimarães, seu amigo-irmão, arquiteto,
que havia sido despedido como copiloto da Varig, por ter reclamado do extravio
da mala do Abelem.
Final da década de 70, primeiros anos da de 80, a Adega do Rei, principalmente em sua primeira etapa, reunia estudantes e profissionais de esquerda que curtiam uma boa música, boa bebida, um bom papo, capitaneado pelo poeta Ruy Barata, e que cantavam e torciam pela redemocratização do país. Com a necessidade da venda da casa de meus pais que estava hipotecada, a Adega do Rei passa a funcionar na União Espanhola e o Comandante Claudio sai da sociedade para ir voar no garimpo. Abelém fica sozinho, dividindo seus afazeres do escritório de advocacia, das lojas de comércio, da direção do Monte Líbano e do Paysandu.
Final da década de 70, primeiros anos da de 80, a Adega do Rei, principalmente em sua primeira etapa, reunia estudantes e profissionais de esquerda que curtiam uma boa música, boa bebida, um bom papo, capitaneado pelo poeta Ruy Barata, e que cantavam e torciam pela redemocratização do país. Com a necessidade da venda da casa de meus pais que estava hipotecada, a Adega do Rei passa a funcionar na União Espanhola e o Comandante Claudio sai da sociedade para ir voar no garimpo. Abelém fica sozinho, dividindo seus afazeres do escritório de advocacia, das lojas de comércio, da direção do Monte Líbano e do Paysandu.
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