terça-feira, 9 de novembro de 2021

RAFAEL FERNANDES E A FIRMA FERREIRA GOMES

 


Rafael Fernandes Ferreira Gomes

 
   Celebração dos oitenta anos de Rafael FF Gomes em 1941. 
Fotos do arquivo da família Gomes Parry.


Minha ligação com o Bairro do Reduto extrapola os 41 anos em que aí morei e relaciona-se à figura de meu bisavô que não cheguei a conhecer, pois faleceu no ano em que nasci.

Rafael Fernandes Ferreira Gomes, migrante português, nasceu em Ribeiradio, Beira Alta, Portugal, em 12 de outubro de 1861. Filho de Manoel Fernandes Gomes Junior e Custódia Maria de Jesus Gomes, chegou ao Pará com 13 anos e ainda criança iniciou atividades no comércio paraense. Da condição de empregado, rapidamente passou a de patrão em função de sua dedicação ao trabalho e reconhecida honestidade, conforme reportagem do Jornal “Estado do Pará”[1].

Viveu a maior parte de sua vida no Brasil, onde constituiu família e cresceu profissionalmente, tendo obtido o título de cidadão brasileiro. De seu primeiro casamento, com Raimunda Cantidiana de Oliveira Gomes, teve seis filhos, quatro mulheres e dois homens, e do segundo, com Mariana Ferreira Lopes Gomes, nasceram três filhas. Ainda que apaixonado pelo Brasil, retornava com frequência à sua terra natal, mas foi no Pará, particularmente em Belém, que deixou sua marca de empreendedor, desenvolvendo atividades em vários setores: Diretor-Presidente do Banco do Pará e Diretor da Companhia de Seguros Comercial do Pará, cargos que exerceu até ser obrigado a viajar para o Rio de Janeiro em 18 de outubro de 1944, por motivo de doença, onde veio a falecer meses depois, em 26 de dezembro.

A principal marca de seu empreendedorismo foi na organização e chefia da sociedade comercial Ferreira Gomes & Cia, que sucedeu à firma Centro Comercial Redutoense. Situada na Rua 28 de setembro, entre a Doca do Reduto e a Rua Benjamin Constant, seu primeiro registro na JUCEPA data de 1881. Em 1924 é recomposta, transformada em sociedade anônima – Ferreira Gomes Ferragista S/A – explorando os ramos de ferragens, ferro, louça, estância de madeira e outros já existentes. Ocupava vários prédios na Rua 28 de setembro, não só o da matriz mostrado na foto, com uma filial na Rua João Alfredo, chamada RIOMAR. Além do comércio, desenvolviam indústria de fabricação de pregos e outras correlatas, sob a denominação de União Fabril Comercial, situada na Trav. Piedade, sob os números de 1 a 9, e indústrias de madeiras e outras, como a Serraria Benfica, à estrada de Ferro Bragança, ramal de Benfica conforme registro na Junta Comercial do Pará – JUCEPA.

  

Foto da Família Gomes


 A firma Ferreira Gomes Ferragista S/A era uma potência e dominava o comércio do seu ramo no Bairro e, por que não dizer, na cidade. O prédio da matriz ocupava toda a quadra na Rua 28 de setembro, entre a Travessa Benjamin Constant e a Doca do Reduto. No início da década de 60 começaram as dificuldades, sendo a falência decretada em 1965, último ano com registro na JUCEPA. Funcionou, portanto, 84 anos. A empresa Madeira do Pará S/A – MAPASA – quando comprou o imóvel, alguns anos depois, já encontrou a frente demolida, utilizando então o terreno para estacionamento da firma. Hoje a quadra é ocupada por um posto de gasolina às margens do Canal do Reduto, pouco restando dessa história na memória de antigos moradores.

 



[1] Jornal que durou de 1911 a 1980 e apresentou grande importância na formação e consolidação da mídia impressa no Pará conforme Carvalho, Vanessa Brasil de, “A Ciência na Imprensa Paraense em 130 Anos: um estudo de três grandes jornais diários” em sua Dissertação de Mestrado em Ciências da Comunicação, UFPA/ILC/PPGCCA, 2013.

Cidade, Identidade e Memória

 

 



Doca do Reduto em 1905, vista a partir da Rua dos Mártires (hoje 28 de Setembro)[*]

 

Venho do século XX! Não só de vivência, como de ler e ouvir contar histórias e fatos, até mais recuados no tempo! Não me prendo ao passado, mas a ele sempre recorro para entender o contexto atual e prever seus reflexos futuros. Claro que às vezes somos surpreendidos por novidades inesperadas, fatos políticos, descobertas científicas e tecnológicas, cura de doenças e incidência de novas que mudam o curso dos acontecimentos, renovando e atualizando nosso olhar e confirmando que as águas do rio que passam nunca serão as mesmas, nem nós.

Em agosto de 2019, espantou-me o fato de uma apresentadora de TV ao me entrevistar sobre o bairro em que morei mais de quarenta anos, não soubesse onde ficava a Doca do Reduto. Na verdade, não só ela, a grande maioria dos moradores da cidade desconhece ou esqueceu onde fica e a importância que teve na história da cidade, o antigo Igarapé, hoje Doca do Reduto. Pensam que o bairro possui apenas uma Doca, a de Souza Franco, que limita o Reduto com o Umarizal e que apresenta maior visibilidade na cidade, pelo tipo de urbanização e investimentos que recebeu e infraestrutura que oferece, muito embora o Canal do Reduto preserve mais elementos do passado que o Canal da Visconde de Souza Franco, talvez até por isso mesmo. O abandono, como ao que foi relegado o Reduto, contraditoriamente permite a permanência! Mas, dificilmente você, ao passar hoje pela Avenida General Magalhães, consiga imaginar a beleza que ela ostentava em 1905, como a foto acima comprova!

O que impõe a reflexão sobre a necessidade de conhecer o mecanismo de formação da memória e do esquecimento para preservação de nosso patrimônio cultural e da história de nossa cidade e que aponta para a responsabilidade de gestores, educadores, instituições, e nossa individualmente, de transmitir e registrar fatos vividos ou herdados. Memória individual e coletiva que precisa ser cuidada para garantir a construção de redes identitárias e que incluam também o resgate de memórias subterrâneas, resultado do olhar e registro dos fatos relacionados à população mais vulnerável. Como se fortalece ou não o sentimento de identidade e de pertencimento de uma sociedade? Como podemos perceber a ressignificação de nossas lembranças no presente? Como contribuir para estimular e preservar o amor pela cidade, sem descuidar da formação de uma cidade voltada para o futuro, quem sabe dentro dos padrões das CHICS – Cidades, Históricas, Inteligentes, Criativas e Sustentáveis?

Já há algum tempo venho me preocupando em escrever e resgatar um pouco dessa história vivida e/ou conhecida. Por exemplo, a relação que possa ter minha vivência e de meus antepassados com a história da cidade. Na adolescência e juventude, mesmo no início da idade adulta, não temos esse tipo de preocupação que só aparece com a maturidade que ganhamos com o avanço da idade. Quando percebemos que pouco tempo nos resta, quando temos essa chance de percepção, e que precisamos fazer os registros que hoje cobramos de nossos pais e avós não o terem feitos. Quando verificamos que o ambiente que emoldurou e teceu a história de nossos pais e avós e de nossa infância é muito diverso do que emoldura e tece a vivência de nossos filhos e netos e de nossa velhice. A proposta é usar este espaço para contribuir com essa construção!

 

 



[*] In Orico, Osvaldo, Da Forja à Academia, Memórias dum Filho de Ferreiro. Rio de Janeiro: Livraria José Olímpyo Editora 1956, p.110.

Nota: Texto originalmente escrito para a revista VI Amazônia,

 

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

O CARNAVAL NO TEMPO DOS CASARÕES


Faz tempo que havia decidido voltar a escrever em meu blog, memoriaabelem.blogspost.com, mas algo me tolhia. Não sei dizer bem o que, decepção com o mundo da política e seu reflexo em amigos e parentes, partida de amigos queridos, constatação das contradições que temos a enfrentar na vida ... O Carnaval me estimulou e me inspirou! Sempre foi assim ... Eis-me de volta!
De repente me vejo iniciando os anos vinte do século XXI. Tinha dúvidas se chegaria até aqui. É época de carnaval, chove lá fora. De longe ouço a música da Escola de Samba Quem São Eles, vizinha ao meu prédio no Umarizal. Viajo no tempo! Amo as chuvas de Belém! Elas me levam ao passado, da infância à idade adulta, à casa de meus pais, ao início das aulas e, principalmente, ao carnaval dessa época.
Época em que o carnaval de rua acontecia em diversos bairros, mas o corso de concentrava no "Largo da Pólvora" onde carros ornamentados, conversíveis e caminhões, e blocos irreverentes desfilavam para prazer de uma plateia que se concentrava nos quarteirões do Largo, principalmente em torno do Bardo Parque, no calçadão do Grande Hotel e nas janelas e terrasses de Clubes Sociais, como Assembleia Paraense e Tuna Luso Comercial.
Na caixa de documentos deixada por minha sogra, Emília Zaluth Abelem, encontramos duas páginas da revista "Vida Doméstica", de 1934, que bem retrata o que estou narrando. Uma delas mostra vários flagrantes do carnaval de rua no Largo - carros conduzindo crianças, adolescentes ou toda a família, fantasiados; os espectadores no terasse do Grande Hotel ou nas calçadas, sob o túnel de mangueiras ou próximos ao Bar do Parque; os mascarados, muitas vezes homens fantasiados de mulher, desfilavam pelas calçadas ou no meio da rua entre os carros conversíveis.
O link https:ufpadoispontozero.wordpress.com2013/02/08/o-carnaval-de-belem-nos-anos-50-por-antonio-paul-albuquerque/ nos remete diretamente a este tempo, acompanhado em seguida por uma entrevista de Alfredo Oliveira que comenta o vídeo. Ao concluir sua entrevista, Alfredo afirma: "A tristeza da insegurança acaba com a alegria da folia". É uma pena! Tempos e costumes que não voltam mais! Ficaram em nossas lembranças e nos registros memorialísticos feitos!
Revista Vida Doméstica, abril/1934. Arquivo família Abelem.
Mas na década de cinquenta, e ainda na de 60, a alegria do carnaval não se resumia ao Largo da Pólvora. Da janela de nossas casas, podíamos nos alegrar ou assustar ao ver os mascarados passarem com suas irreverências e brincadeiras. Exemplo é o "Dr. Passa o Pau" da "Clínica Morra Sorrindo", retratado na imagem ao lado que encontrei na internet.
Lembro que na década de cinquenta o corso carnavalesco ainda se dava no Largo da Pólvora. E nós dele participávamos. Meu pai reunia os filhos, irmãos, cunhados, sobrinhos, vizinhos e amigos e organizava nossa saída no caminhão da firma Ferreira Gomes Ferragista S/A., fundada por seu avô Rafael Fernandes de Oliveira Gomes, em 1881. Não precisávamos de fantasias! Íamos dançar, cantar e participar da alegria que era desfilar no Largo da Pólvora, jogando confete e serpentina e esguichando lança-perfume. Antônio Jorge Abelem, meu falecido marido, contava que nessa época, ele e um grupo de amigos saiam do Ed. Manoel Pinto da Silva, onde um deles tinha apartamento, de cueca, apenas enrolados em um lençol e fantasiados de Nero iam brincar e dançar no Largo da Pólvora.
A outra página da Revista Vida Doméstica encontrada mostra flagrantes das festas nos Clubes Sociais da época - Palácio Theatro, que funcionava no Grande Hotel, Clube do Remo, Brasil S.C. e Syrio Sport Clube. Bailes infantis e de adultos com muita fantasia e blocos alegres, criativos e de muita elegância. Curioso que na última foto, da Diretoria do Syrio Sport Club, ao digitar estas linhas reconheci meu sogro, Jorge Abelem, que não cheguei a conhecer, pois faleceu quando seu filho, Antônio Jorge, tinha apenas 19 anos.
Revista Vida Doméstica, abril/1934. Arquivo família Abelem.

Em 1960, com dezesseis anos, fui ao meu primeiro baile de carnaval de salão. Não sei dizer a razão do baile da Assembleia Paraense ser sido realizado no Teatro da Paz, nesse ano. Minha tia Ceci, irmã de meu avô paterno, foi a responsável pela criação e confecção do figurino  do bloco, "Os Canibais", ajudada pelas moças que compunham o bloco na confecção das máscaras e adereços. A alegria começava, portanto, desde os preparativos das fantasias, na ampla sala do belo casarão onde morava a família dos tios Ceci e Aled Parry, na esquina da Travessa Benjamin Constant com a Boaventura da Silva, infelizmente já demolida. Casa que traz belas recordações, pois nela nos reuníamos com frequência para dançar, no pátio dos fundos, ao som de um toca-discos, tudo comandado e selecionado pelo dono da casa, Tio Aled, que era exímio dançarino. Lá também fazíamos muitas vezes ensaios de quadrilha junina, formada em sua maioria por colegas do Colégio São Paulo, onde eu e May, minha prima e filha do casal Parry, estudávamos. A foto a seguir mostra o bloco "Os Canibais" na escadaria do Teatro da Paz.





1960 - O Bloco Os Canibais no Baile de Máscara da AP no Teatro da Paz

Além do baile e festas de Carnaval da Assembleia Paraense era frequente irmos às festas do Clube do Remo e do Pará Clube, clubes que meu pai era sócio ou passou a sê-lo para nos levar às festas, após eu ter completado 15 anos. Também não faltávamos às festas no Círculo Militar, no Forte do Castelo.

1966 - Auriléa e Aurilena Ramos Gomes com amigos



Como podem ver aprendi a amar e curtir o carnaval desde criança, com meu pai e amigos. No início da década de 60 criamos um clube com vizinhos da Av. São Jerônimo e colegas do colégio São Paulo., "Clube Eles e Elas". Através dele brincamos muito o carnaval, as festas juninas e as de fins de semana em residências alternadas. Era um grupo coeso e muito amigo. Lembro de dois blocos formados por associados e alguns de seus pais: um de Palhaço e outro de Pierrô. Tempos inesquecíveis!
Em  julho de 1968 casei com Antônio Jorge Abelem, outro amante do carnaval. Além de nossas festas e bailes nos clubes, com ele cheguei a sair no bloco de rua do Bairro do Reduto, "O Seca Boteco", que se concentrava no Mercado do Reduto , então existente às margens do Canal do Igarapé das Almas. Abelém, Payssandu de coração, se tornou sócio do Clube do Remo, e também da Assembleia Paraense, para poder ter acesso às festas que eu ia com meu pai, em nossa época de namoro.

1970, Auriléa e Antônio Abelem, no Baiale do Pierrô, no Clube do Remo.
Foto do arquivo da família Abelem


O Casarão da 28 de setembro, no Bairro do Reduto onde moramos por 41 anos, foi palco de muitos preparativos que antecipavam a ida aos bailes. Na foto abaixo apresento dois registros da reunião de 1973, antes do Baile do Hawaí, no Yate Clube.



Eu e Antônio Abelem tínhamos um pacto carnavalesco, lógico que inventado por ele! Durante o carnaval ele saía um dia sozinho para brincar na Praça. E assim foi, enquanto teve saúde. Não esqueço que certo dia de carnaval chegou em nossa casa para almoçar um de seus amigos, acompanhado de uma moça desconhecida. Depois do almoço ele se propôs a ir para a Praça com o casal. Como achei ruim, o casal foi embora e ele, aborrecido, ficou. Resolveu depois ir sozinho para o Bar do Parque, onde encontrou seu amigo, o poeta Ruy Barata, que lhe perguntou o motivo do mal humor. Explicado o motivo, Ruy lhe retrucou: "É Abelem! O pior casamento é aquele que dá certo!"
E assim foi, até seu falecimento em 23 de fevereiro de 2009, em uma segunda-feira gorda, quando partiu para o mundo espiritual.
Marcas de alegria, saudades, nostalgia e tristeza dos carnavais de minha vida, no tempo dos Casarões.



segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Turma de Ciências Sociais de 1966 da FFCL/UFPa - Bodas de Ouro

Aurilea Gomes
Antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras/UFPA


O tempo passou célere! Véspera de Natal de 2016 e nos damos conta que há 50 anos deixamos de frequentar o casarão da Generalíssimo Deodoro, a antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da UFPA. Estamos completando Bodas de Ouro de formad@s. Sentimentos contraditórios nos invadem, nostalgia e plenitude de realização. O registro de hoje é em homenagem a nossa turma e ao nosso tempo de estudante universitário e sonhadores de um Brasil melhor! Sonhos e esperanças que permanecem!
Os jovens calouros que passaram no vestibular de 1963 não podiam imaginar as surpresas que encontrariam no decorrer de sua caminhada universitária. A primeira delas foi com o próprio resultado do vestibular. Neste  ano não teve redação e quem não tirou zero em uma das provas, todas objetivas, conseguiu ser aprovado. Ou seja, quem deixou de optar por um curso mais difícil por causa da concorrência, possivelmente perdeu a oportunidade de consegui-lo. A segunda foi a repressão à efervescência política e cultural da universidade brasileira, com o golpe de 64 abafando o movimento estudantil, perseguindo alunos e professores e impondo uma mudança na política de  ensino universitário,  censurando abordagem mais crítica e priorizando a licenciatura em detrimento aos cursos de bacharelato.
Portanto as expectativas do que seria um curso para formar pesquisadores em Ciências Sociais foram abaladas em seus alicerces: o curso passou a formar apenas licenciados, não mais bacharéis – o que me fez pensar em desistir; as abordagens teóricas passaram a ser transmitidas com receio, descuidando de revelar aos alunos os diferentes olhares e as diversidades de explicações sobre os fenômenos sociais.  Predominava a visão sistêmica na Ciência Política e a funcionalista na Sociologia, ousando a Economia Política avançar e lançar luzes sobre a diversidade de correntes. O impacto na formação de um espírito crítico nos estudantes, principalmente naqueles que não eram oriundos da escola pública e que não tinham vivência, leitura, nem militância política foi bastante comprometido, só sendo possível de ser recuperado anos mais tarde quando a UFPA iniciou a dinamização da pós-graduação na área de ciências sócio-econômicas, já no período de transição dos governos militares. 
Mas, paralela e contraditoriamente o curso permitia olhar uma mesma realidade sobre os diversos ângulos disciplinares das Ciências Sociais – dois anos de Sociologia com Orlando Costa, dois anos de Ciência Política com Amílcar Tupiassu, dois anos de Antropologia (Física com Armando Bordalo e Cultural com Napoleão Figueiredo), dois anos de Economia, incluindo Economia Política, com Roberto Santos, passando pela História Econômica Política e Social Geral, do Brasil e da Amazônia e pela Geografia Humana. Ao mesmo tempo oferecia ferramentas para um trabalho de análise e interpretação dos fenômenos, desde a Introdução à Filosofia com Benedito Nunes, à Matemática e Estatística, com a síntese na Metodologia e Técnica de Pesquisa com a Graça Landeira, que estreava na docência universitária com a nossa turma.
Registro do momento em que Lourdes Furtado, oradora do conjunto das turmas de licenciatura, lia seu discurso.
Professora Eurides Brito lendo seu discurso como paraninfa do conjunto das turmas
  A turma de Ciências Sociais que colou grau em 1966 era composta de apenas 10 alunos. O conjunto das turmas da faculdade que se formou nesse ano foi de 48 estudantes, tendo os cursos de Matemática, Letras e Geografia apenas cinco alunos cada. O curso de História era o mais numeroso com 12 formandos e o de Pedagogia com 11.
O pequeno número permitia também a colação conjunta no Teatro da Paz, com todos os colandos no palco, mais seus paraninfos e a mesa diretora.
As fotos abaixo registram momentos importantes do cerimonial e depois a festa em minha casa com alguns amigos e colegas de Ciências Sociais, muitos dos quais já falecidos.

Padre Carlos Coimbra no ato de bênçãos dos anéis


Auriléa Gomes realizando o Juramento em nome da turma


Prof. Napoleão Figueiredo, então diretor da FFCL entregando o anel para Auriléa Gomes
Os cursos anteriores à reforma universitária de 1968 funcionavam em regime seriado, o que possibilitava que alunos de uma turma iniciassem e concluíssem o curso juntos, facilitando os grupos de estudo, a formação de lideranças e criando sólidos laços de amizade entre os futuros profissionais. Como o trio abaixo com o Prof. Roberto Santos, indicado para paraninfo por nossa turma: Maria José Oliveira e Silva, hoje Jakson Costa, Auriléa Gomes, hoje Abelem e Heliana Oliveira da Silva, hoje Jatene.

A emoção de Pedro Gomes cumprimentando Auriléa, primeira filha a se formar

Auriléa Gomes no devaneio de um futuro profissional promissor

O abraço de cumplicidade de Auriléa com sua mãe Cecília Ramos Gomes

Emoção dos avós paternos, abraçando a primeira neta a se formar

Aurilea Gomes fazendo pose na escada do da Paz
Não poderia concluir sem, depois dos registros da cerimônia e antes de entrar no das comemorações, transcrever alguns dos versinhos que nosso amigo Lisbino escrevia durante as aulas, brincando com colegas e professores. Quase sempre passava pra Auriléa que ele sabia apreciava a brincadeira e os guardava com carinho na caixinha de recordações. Aproveito para com eles homenagear os amigos da turma de Ciências Sociais de 1966.


1. Só não farei mais versinhos
Nas aulas que tem a dar
Se o Bordalo na classe
Deixar também de embromar

2. Há muita gente na Igreja

Eu olho de fila em fila

Por que será que não veio

A nossa amiga Zuila?

Não quis empanar com a dor
A alegria da Gabriela
Pois bem poderia o Melo
Estar casando com ela!

3.Quando me sinto num grupo,
Preocupado procuro
Se entre os meus colegas
Não existe um dedo duro.

Como a gente nunca sabe,
Tive minha noite insone,
Pensando que a delatora
Bem poderia ser Ivone.

Já bem alta a madrugada
Fulgurou-me certa ideia:
Quem sabe a espiã

Não seria a Auriléa?

4. Após o Ato 14
Os meus votos no Natal
Serão de que pros amigos
Não seja o ano fatal.

A cor vermelha é bonita,
Chama a atenção da vista;
Mas é muito perigoso
De a julgarem comunista.

 O Ato 13 aí está
A nenhum de nós engana
Se a julgam esquerdistas
Fazem você mexicana.

5.Cara colega Auriléa
Que hoje à aula não vens
Permita que em tua casa
Te demos os parabéns.
Se fores à Faculdade
Gostaria de hoje ver-te


Pagar para a turma toda
Muitos copos de sorvete

Isolda “public-relations”
Da aniversariante
Disse: “lá não há nada”
“Vai ninguém em sua casa jantar”.

Ficar com fome esta noite
Não há ninguém que assim pense:
Já resolveu o problema
O Frigorífico Paraense.

Iolanda foi quem disse
E não o fez só pra mim:
É possível haver de carne
Até o doce e o pudim.

7. Nenhuma colega existe
Como a Maria José:
Ela chuta com mais classe
Do que o famoso Pelé.

8. Não pensem que Auriléa
Não dá bola à vaidade
Sabe bem que é mais bonita
Sua própria simplicidade.

A beleza da Isolda
Mesmo tratada em esboço
Haverá de consagrá-la
A rainha do pescoço.

Da Heliana “viúva”
A pensar sempre fico:
Já terá ela esquecido
O seu querido Mímico?


9. Mulheres da ala esquerda
Cuidado com os movimentos
Na bancada da direita
Há oito olhos atentos


10. Arlete estavas aérea
E ainda agora o és
Será que em todas as férias
Só pensante no Moisés?

11. Pediu para estudar seis meses
Gilberto ao Napoleão:
Respondeu o diretor
Ao preguiçoso que não.

12. O tacacá da Judith

É tão bom quanto afamado
Mas Auriléa vai lá
Pra lembrar o namorado.

Vestindo blusa bonita
Auriléa veio cá
Depois um colega mau
Derramou-lhe tacacá

13. Da Maria José não sei
O que nessas férias fez:
Por certo que aproveitou
Pra namorar todo o mês.

Heliana faz progressos
Na profissão foi avante
Em nossa turma já existe
Uma bela negociante.

Não me esqueci do Platilha
Mas lhe peço que não durma
Pois o queremos presente
A enriquecer nossa turma


14. Lá em frente à faculdade
Bem do tamanho de um ovo
Está outro 400
Todinho cheirando a novo.

 

 


Amigos e colegas de turma, Raimundo Melo, Lisbino Garcia e José Maria Platilha comemorando formatura em C.Sociais. na residência de Auriléa Gomes

Auriléa Gomes aguardando os convidados para celebrarem juntos festa de formatura

Pedro, Platilha,  Lisbino e Raimundo Melo comemorando formatura em C.Sociais. na residência de Auriléa Gomes

Platilha, Maria José, Prof. Adalberto (Prática de Ensino), Auriléa, Lisbino e Raimundo Melo