Aurilea Gomes |
Antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras/UFPA |
O tempo passou célere! Véspera de Natal de 2016 e nos damos conta que há 50 anos deixamos de frequentar o casarão da Generalíssimo Deodoro, a antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da UFPA. Estamos completando Bodas de Ouro de formad@s. Sentimentos contraditórios nos invadem, nostalgia e plenitude de realização. O registro de hoje é em homenagem a nossa turma e ao nosso tempo de estudante universitário e sonhadores de um Brasil melhor! Sonhos e esperanças que permanecem!
Os jovens calouros que passaram no vestibular de 1963 não podiam imaginar as surpresas que encontrariam no decorrer de sua caminhada universitária. A primeira delas foi com o próprio resultado do vestibular. Neste ano não teve redação e quem não tirou zero em uma das provas, todas objetivas, conseguiu ser aprovado. Ou seja, quem deixou de optar por um curso mais difícil por causa da concorrência, possivelmente perdeu a oportunidade de consegui-lo. A segunda foi a repressão à efervescência
política e cultural da universidade brasileira, com o golpe de 64 abafando o movimento estudantil, perseguindo alunos e professores e impondo uma mudança na política de ensino universitário, censurando abordagem mais crítica e priorizando a licenciatura em detrimento aos cursos de bacharelato.
Portanto as expectativas do que seria um curso para formar
pesquisadores em Ciências Sociais foram abaladas em seus alicerces: o curso
passou a formar apenas licenciados, não mais bacharéis – o que me fez pensar em
desistir; as abordagens teóricas passaram a ser transmitidas com receio,
descuidando de revelar aos alunos os diferentes olhares e as diversidades de
explicações sobre os fenômenos sociais. Predominava a visão sistêmica na Ciência Política
e a funcionalista na Sociologia, ousando a Economia Política avançar e lançar
luzes sobre a diversidade de correntes. O impacto na formação de um espírito
crítico nos estudantes, principalmente naqueles que não eram oriundos da escola
pública e que não tinham vivência, leitura, nem militância política foi
bastante comprometido, só sendo possível de ser recuperado anos mais tarde
quando a UFPA iniciou a dinamização da pós-graduação na área de ciências
sócio-econômicas, já no período de transição dos governos militares.
Registro do momento em que Lourdes Furtado, oradora do conjunto das turmas de licenciatura, lia seu discurso. |
Professora Eurides Brito lendo seu discurso como paraninfa do conjunto das turmas |
A turma de Ciências Sociais que
colou grau em 1966 era composta de apenas 10 alunos. O conjunto das turmas da
faculdade que se formou nesse ano foi de 48 estudantes, tendo os cursos de
Matemática, Letras e Geografia apenas cinco alunos cada. O curso de História
era o mais numeroso com 12 formandos e o de Pedagogia com 11.
O pequeno número
permitia também a colação conjunta no Teatro da Paz, com todos os colandos no
palco, mais seus paraninfos e a mesa diretora.As fotos abaixo registram momentos importantes do cerimonial e depois a festa em minha casa com alguns amigos e colegas de Ciências Sociais, muitos dos quais já falecidos.
Padre Carlos Coimbra no ato de bênçãos dos anéis |
Auriléa Gomes realizando o Juramento em nome da turma |
Prof. Napoleão Figueiredo, então diretor da FFCL entregando o anel para Auriléa Gomes |
A emoção de Pedro Gomes cumprimentando Auriléa, primeira filha a se formar |
Auriléa Gomes no devaneio de um futuro profissional promissor |
O abraço de cumplicidade de Auriléa com sua mãe Cecília Ramos Gomes |
Emoção dos avós paternos, abraçando a primeira neta a se formar |
Aurilea Gomes fazendo pose na escada do da Paz |
1. Só não farei mais versinhos
Nas aulas que tem a dar
Se o Bordalo na classe
Deixar também de embromar
2. Há muita gente na Igreja
Eu olho de fila em fila
Por que será que não veio
A nossa amiga Zuila?
Não quis empanar com a dor
A alegria da Gabriela
Pois bem poderia o Melo
Estar casando com ela!
3.Quando me sinto num grupo,
3.Quando me sinto num grupo,
Preocupado procuro
Se entre os meus colegas
Não existe um dedo duro.
Como a gente nunca sabe,
Tive minha noite insone,
Pensando que a delatora
Bem poderia ser Ivone.
Já bem alta a madrugada
Fulgurou-me certa ideia:
Quem sabe a espiã
Não seria a Auriléa?
4. Após o Ato 14
Os meus votos no Natal
Serão de que pros amigos
Não seja o ano fatal.
A cor vermelha é bonita,
Chama a atenção da vista;
Mas é muito perigoso
De a julgarem comunista.
O Ato 13 aí está
A nenhum de nós engana
Se a julgam esquerdistas
Fazem você mexicana.
5.Cara colega Auriléa
Que hoje à aula não vens
Permita que em tua casa
Te demos os parabéns.
Se fores à Faculdade
Gostaria de hoje ver-te
Pagar para a turma toda
Muitos copos de sorvete
Isolda “public-relations”
Da aniversariante
Disse: “lá não há nada”
“Vai ninguém em sua casa jantar”.
Ficar com fome esta noite
Não há ninguém que assim pense:
Já resolveu o problema
O Frigorífico Paraense.
Iolanda foi quem disse
E não o fez só pra mim:
É possível haver de carne
Até o doce e o pudim.
7. Nenhuma colega existe
Como a Maria José:
Ela chuta com mais classe
Do que o famoso Pelé.
8. Não pensem que Auriléa
Não dá bola à vaidade
Sabe bem que é mais bonita
Sua própria simplicidade.
A beleza da Isolda
Mesmo tratada em esboço
Haverá de consagrá-la
A rainha do pescoço.
Da Heliana “viúva”
A pensar sempre fico:
Já terá ela esquecido
O seu querido Mímico?
9. Mulheres da ala esquerda
Cuidado com os movimentos
Na bancada da direita
Há oito olhos atentos
10. Arlete estavas aérea
E ainda agora o és
Será que em todas as férias
Só pensante no Moisés?
11. Pediu para estudar seis meses
Gilberto ao Napoleão:
Respondeu o diretor
Ao preguiçoso que não.
12. O tacacá da Judith
É tão bom quanto afamado
Mas Auriléa vai lá
Pra lembrar o namorado.
Vestindo blusa bonita
Auriléa veio cá
Depois um colega mau
Derramou-lhe tacacá
13. Da Maria José não sei
O que nessas férias fez:
Por certo que aproveitou
Pra namorar todo o mês.
Heliana faz progressos
Na profissão foi avante
Em nossa turma já existe
Uma bela negociante.
Não me esqueci do Platilha
Mas lhe peço que não durma
Pois o queremos presente
A enriquecer nossa turma
14. Lá em frente à faculdade
Bem do tamanho de um ovo
Está outro 400
Todinho cheirando a novo.
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Amigos e colegas de turma, Raimundo Melo, Lisbino Garcia e José Maria Platilha comemorando formatura em C.Sociais. na residência de Auriléa Gomes |
Auriléa Gomes aguardando os convidados para celebrarem juntos festa de formatura |
Pedro, Platilha, Lisbino e Raimundo Melo comemorando formatura em C.Sociais. na residência de Auriléa Gomes |
Platilha, Maria José, Prof. Adalberto (Prática de Ensino), Auriléa, Lisbino e Raimundo Melo |
tão bacana suas memórias amiga... sou muito sua fã... beijão
ResponderExcluirOi querida Nil. Só agora li seu comentário. Agradeço a você ter sido possível estes registros.
ExcluirAchei sem querer, estou amando!
ResponderExcluirObrigada, Dani Rodrigues. Depois de um longo intervalo, vou tentar retomar o blog.
ExcluirEncontrei este blog por acaso quando pesquisava Belém.Eu sou da família Ferreira Lopes, sobrinha-neta de Mariana 2ª mulher de Rafael Fernandes Gomes. Gostava tanto de saber mais sobre eles...
ResponderExcluirArlete Lopes Matos
Oi Arlete, só agora vi seu comentário. tinha parado com o blog. Estou tentando retomar. Você pode fazer contato comigo através de mensagens no face. Qual o nome de seus pais? Você conhece Betty e May, netas de D. Mariana, filhas de tia Ceci?
ExcluirOlá, meu nome é Lisbino Geraldo, filho de Lisbino Garcia. Obrigado pelas fotos de meu pai em seu blog, fico muito feliz ao me deparar com material em que ele é citado e eu desconhecia.
ResponderExcluirOi Lisbino Geraldo! Fui muito amiga de seu pai, meu colega de turma do Curso de Ciências Sociais na antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. Só agora li seu comentário!
ExcluirApós concluir o curso de licenciatura em Letras pela UEPA, ingresso no curso de Bacharelado em Ciências Sociais pela UFPA este ano. Em meio a pesquisas, encontro este blog. Estou muito feliz e inspirada. Muito obrigada por compartilhar conosco estes registros, querida Aurilea.
ResponderExcluirAtt.
ExcluirProf. Liliane Souza.