Minha ligação com o Bairro do Reduto extrapola os 41 anos em que aí morei e relaciona-se à figura de meu bisavô que não cheguei a conhecer, pois faleceu no ano em que nasci.
Rafael Fernandes Ferreira
Gomes, migrante português, nasceu em Ribeiradio, Beira Alta, Portugal, em 12 de
outubro de 1861. Filho de Manoel Fernandes Gomes Junior e Custódia Maria de
Jesus Gomes, chegou ao Pará com 13 anos e ainda criança iniciou atividades no
comércio paraense. Da condição de empregado, rapidamente passou a de patrão em
função de sua dedicação ao trabalho e reconhecida honestidade, conforme
reportagem do Jornal “Estado do Pará”[1].
Viveu a maior parte de sua
vida no Brasil, onde constituiu família e cresceu profissionalmente, tendo
obtido o título de cidadão brasileiro. De seu primeiro casamento, com Raimunda Cantidiana de Oliveira Gomes,
teve seis filhos, quatro mulheres e dois homens, e do segundo, com Mariana Ferreira Lopes Gomes,
nasceram três filhas. Ainda que apaixonado pelo Brasil, retornava com
frequência à sua terra natal, mas foi no Pará, particularmente em Belém, que
deixou sua marca de empreendedor, desenvolvendo atividades em vários setores:
Diretor-Presidente do Banco do Pará e Diretor da Companhia de Seguros Comercial
do Pará, cargos que exerceu até ser obrigado a viajar para o Rio de Janeiro em 18
de outubro de 1944, por motivo de doença, onde veio a falecer meses depois, em
26 de dezembro.
A principal marca de seu
empreendedorismo foi na organização e chefia da sociedade comercial Ferreira
Gomes & Cia, que sucedeu à firma Centro Comercial Redutoense. Situada na Rua 28 de setembro, entre a Doca do Reduto e a Rua Benjamin Constant,
seu primeiro registro na JUCEPA data de 1881. Em 1924 é recomposta,
transformada em sociedade anônima – Ferreira Gomes Ferragista S/A – explorando
os ramos de ferragens, ferro, louça, estância de madeira e outros já
existentes. Ocupava vários prédios na Rua 28 de setembro, não só o da matriz
mostrado na foto, com uma filial na Rua João Alfredo, chamada RIOMAR. Além do
comércio, desenvolviam indústria de fabricação de pregos e outras correlatas,
sob a denominação de União Fabril Comercial, situada na Trav. Piedade, sob os
números de 1 a 9, e indústrias de madeiras e outras, como a Serraria
Benfica, à estrada de Ferro Bragança, ramal de Benfica conforme registro na
Junta Comercial do Pará – JUCEPA.
[1]
Jornal que durou de 1911 a 1980 e apresentou grande importância na formação e
consolidação da mídia impressa no Pará conforme Carvalho, Vanessa Brasil de, “A
Ciência na Imprensa Paraense em 130 Anos: um estudo de três grandes jornais
diários” em sua Dissertação de Mestrado em Ciências da Comunicação, UFPA/ILC/PPGCCA,
2013.